O Local
A Ilha de Moçambique, Património Cultural da Humanidade da UNESCO, tem apenas 3 km de comprimento e 700 metros de largura. É unida ao Continente Africano por uma ponte de 3, 5km e estima-se que a sua população conte com mais de 40 mil habitantes. Era já um importante ponto de passagem para embarcações vindas da Pérsia, Madagáscar e Arábias quando foi descoberta por Vasco da Gama, a caminho da Índia, em 1498.
Foi a capital do País e será seguramente o sítio em África onde a influência portuguesa está mais visível – e foi aqui que erguemos o nosso primeiro brasão em Moçambique.
Aqui, misturam-se o mar e a pesca com os estilos africanos e muçulmanos com a arquitectura portuguesa do tempo colonial, e desta improvável fusão nasce uma mística evidente. Mas apesar da beleza natural e da simpatia dos locais, impressionam os prédios em ruínas, o lixo, os escombros. E espero não exagerar nem ser lamechas quando digo que sonho com as casas arranjadas, as ruas limpas e as paredes brancas. E a verdade é que - desculpem a lamechice - dá vontade de ajudar.
Foi em Março que decidimos vir para cá e sei que aqui venho passar, no mínimo, quatro meses. Já pensei muito sobre este local… E não me sinto desiludido. Sinto-me em casa: há uma estátua de Luís de Camões, outra de Vasco da Gama. Dois coretos e bancos como aqueles do Jardim da Estrela, candeeiros como os do Bairro Alto, chão de calçada e casas antigas, como as que temos espalhadas pelo nosso País.
Mas, paralelamente, também me sinto em casa sempre que as pessoas (tantas!) que vivem em casas podres nas favelas são tão simpáticas e hospitaleiras.
O contraste é gritante. Quem já veio à Ilha sabe do que falo, e quem cá vier vai passar a saber.

A WAY
Ao projecto são intrínsecos os objectivos de melhorar as condições sociais da Ilha de Moçambique, sobretudo nas áreas mais carenciadas.
Nesta fase, o Stefano Nigra, o Miguel Amaral, o Henrique Fino o Lourenço Oliveira e Silva e eu temos a tarefa de sondar a Ilha e escolher onde queremos trabalhar.
Iremos a todas as cinco Escolas, ao Hospital, às duas Igrejas, a três Lares de crianças, a edifícios em restauro, pousadas e hotéis e a várias delegações governamentais para decidir e perceber: onde é mais urgente actuar? Tendo em conta o potencial que vemos na WAY, escolheremos brevemente onde é prioritário investir e aplicar os nossos esforços.
Mas uma coisa é certa: com a mensagem que espalhamos (há pouco trabalho de voluntariado na Ilha) já estamos a fazer alguma diferença.
Temos também dado explicações, conversado com os professores, distribuído comida. E somos sempre tão bem-vindos e bem recebidos… o trabalho é gratificante ao máximo, e estão reunidas as condições para o fazermos a longo prazo, e com toda a alegria.

Manteremos o contacto. Beijinhos e Abraços a todos.
Luís Brito

4 comentários:

XICO BAPTISTA disse...

Eu não tenho jeitinho nenhum nem pa falar quanto mais para escrever, aqui a maquina a escrever és tu... mas mesmo assim queria deixar alguma coisa! E o que eu te posso dizer, é que gosto de saber que estás muita bem ai, e que estás a gostar, fazes falta a todos os teus amigos que deixas-te cá, mas já faltou mais e ai estás a ajudar aqueles que realmente precisam! Eu sei que só estando ai dá para perceber ao certo, isso é uma experiência unica, mas com aquilo que tu escreves e transmites, só me apetecia estar ai ao vosso lado, a ajudar todas essas pessoas, porque sei que não há nada mais gratificante que isso, não há melhor que fazer bem, a essas pessoas que ficam tão agradecidas com tão pouco que se faça... continua ai com força, e continua a escrver no blog, para sabermos como é que isso vai e sempre se aprende alguma coisa! Um grande abraço deste teu amigo
"EL CASTOR"

Madalena Sepúlveda disse...

Nao sei se é pela meneira como escreves ou pela simplicidade como dizes as coisas mais vulgares q nos fazes perceber o quao bom e pleno é estar ai.. É contagiante tudo aquilo q descreves, cada som, cheiro, imagem, que deste lado, no nosso ciclico dia a dia, tentamos imaginar.
O facto de darem um bocadinho de voces faz, com que ao mesmo tempo, recebam muito mais, e é nessa óptica que é preciso mais iniciativas que,na maior parte das vezes, nunca chegam! Assim sendo, voces são priviligiados!
um beijinho, Madalena

Unknown disse...

O blog está com muita qualidade.parabéns pelas fotos,Stefano.já tinha ficado impressionado com a fotoreportagem da Índia,por isso nada me surpreende a qualidade desta, StefiBoss.deixo também aqui um sincero elogio à inspiradora prosa do Luís.no entanto, pouco tenho para comentar!seria um exercício de repetição,desenvolvimento ou exploração de pensamentos tão interessantes (tanto do Luís como dos "comentadores") que prefiro deixar assinados pelos respectivos autores.felicito-vos apenas,e acima de tudo, pelo trabalho FEITO.de resto, apenas posso revelar o desejo que,expressa ou intimamente, fervilha no espírito de todos os que lêem o blog: o de ir,conhecer e participar também!
que tal um post sobre o tema?

um abraço para toda a malta da W.A.Y.

mfidelholc disse...

Olá meninos, tudo bem?!

Meu nome é Michelle, trabalho na Ashoka. A Ashoka é a maior rede de empreendedores sociais do mundo, e atua há mais de 30 anos em todos os continentes. Eu trabalho especificamente no Changemakers, que é uma plataforma da Ashoka que conecta empreendedores sociais do mundo todo através de desafios online. Com estes desafios, nós buscamos iniciativas com potencial para resolver os principais problemas sociais da atualidade.

Nós lançamos, juntamente com o G20, um desafio sobre inclusão financeira. O desafio foi lançado no próprio fórum, inclusive! Através dele, nós buscamos iniciativas inovadoras que trabalhem o acesso à inclusão financeira. Além do prêmio de US$ 100 mil ao vencedor, a nossa plataforma aberta permite que os empreendedores do mundo todo se conectem entre si e troquem experiências, além de dar visibilidade com mídia e investidores.

Acreditamos que o seu projeto tem grande potencial para participar deste desafio! O link para o desafio é www.changemakers.com/pt-br/inclusaofinanceira

Sinta-se a vontade para entrar em contato comigo pelo mfidelholc@ashoka.org

Obrigada e parabéns pelo trabalho!

Michelle Fidelholc
www.ashoka.org.br